Sadomasoquismo
Dobrou os joelhos, caiu em oração. Os dedos do pé se amassaram com o peso dos calcanhares, sufocados. As palmas cruas apontaram aos céus, clamando pelo açoite, e a expressão desceu para baixo da linha dos ombros, lamentosa. Cabelos longos borravam seu rosto, e tampavam a total miragem do peito as coxas. Em um golpe limpo, atingi a nudez de sua mão com a chibata. A reação fora de um gemido prolongado. Um suspiro quase de alívio, atrevido. Era nítido meu semblante estarrecido. ''Como pode alguém rebaixar-se a tão pouco?'', indaguei-me, no silêncio. ''Comparar-se a migalhas? Gozar da própria miséria?''. Concluí então, que o que me tampava a essência do ato banal, era que a dor esvaía-se da carcaça com a tortura física. Na realidade, sequer era digno do nome de ato sádico. Havia um contrato silencioso entre as duas partes. Qualquer sicário, por mais tortuoso que fosse, jamais concluiria a misteriosa tarefa de levar aquela pobre criatura ao estado de ag