Traduzindo o onírico

Passeei pela avenida, com os pés descalços.
Estava vazia, como em nenhuma outra segunda.
              O céu tinha cara de domingo, como a rua
                                             mas um domingo de março,
                                                            com seus rios voadores.
             não era março, nem domingo, mas tinha essa cara simpática
a chuva varria a sujeira, as inibições e as angústias para as bocas de lobo.
um toró revigorante surrava as palmeiras, e as minhas costas.
também surrava as memórias. E os rios.
também os sem-teto. E os cães de rua.
as latas não sentem, os vira-latas
sentem até demais. Não tenho
pedigree, meu cabelo
é castanho escuro, meu
cílio é loiro, e por esses dias,
achei um pelo ruivo no meio
da barba. Já me chamaram
de cachorro. Acho que sou
vira-lata. Vivo solto.
Passeio pela avenida,
com as patas rachadas
A chuva me faz chorar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sadomasoquismo

Fantasmx do meu banheiro

No centro, não